Terça-feira, 24 de Janeiro de 2006
Assistimos actualmente ao desencadear de uma nova caça às bruxas, desta vez, as bruxas não andam de vassoura, nem usam os caldeirões para elaborar as suas poções.
As bruxas que os arautos do capitalismo, seguindo fielmente as indicações da administração Bush pretendem caçar, são aqueles que lutam e defendem a construção de uma sociedade mais justa, mais fraterna, assente no princípio da justiça social.
Sob a égide do combate ao terrorismo, o democrata cristão sueco, Göran Lindblad, apresentou em Dezembro do ano passado ao Comité de Assuntos Políticos da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa um projecto de resolução intitulado Necessidade de condenar os crimes dos regimes comunistas totalitários e que será votado no próximo dia 25 pelo Conselho da Europa.
O texto, aprovado por membros de diversos países que não só não hesitam em aprisionar líderes de partidos e movimentos populares, como fecham os olhos à restauração de símbolos hitlerianos e toleram a impunidade para com antigos criminosos de guerra, pretende estigmatizar o movimento e a ideologia comunista, apagando da nossa história o papel fundamental e decisivo da União Soviética e do movimento comunista no combate ao nazismo.
Ao mesmo tempo, o Ministério do Interior da República Checa, decidiu ilegalizar a União da Juventude Comunista da República Checa, se até ao dia 3 de Março, esta não renunciar ao seu programa político, à sua identidade comunista, aos seus objectivos e à sua fundamentação teórica baseada no marxismo-leninismo.
Assiste-se assim ao ressurgir da velha ideia do papão comunista
e as bruxas que hoje tentam caçar, são os comunistas, amanhã, serão os dirigentes sindicais, os trabalhadores e todos os que ousem enfrentar e lutar contra as injustiças do capitalismo.
Estas medidas, não só atentam contra os objectivos que estiveram na base da criação do Conselho da Europa em 1949, nomeadamente o de defender os direitos do homem e a democracia parlamentar, e assegurar a preeminência do direito, como violam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O mais engraçado, é que esta ideia de apelidar os comunistas de terroristas, esta frenética vontade de combater o terrorismo, parte precisamente de quem implementa e incentiva o terrorismo.
Não foi a administração norte americana que incentivou e apoiou alguns dos maiores terroristas dos nossos tempos, nomeadamente Bin Laden?!
Não foi a administração Bush que ilegalmente invadiu o Iraque e tanto terror e opressão tem espalhado em terras iraquianas?!
Não foi a administração norte americana que permaneceu impávida e serena enquanto a Indonésia espalhava o terror em Timor-Leste?!
Não é a administração norte americana que apelida de terrorista o povo palestiniano, mesmo sabendo que os verdadeiros terroristas são os israelitas?!
O projecto de resolução a ser votado no CE, prepara as opiniões para uma agressão armada contra os países socialistas existentes, bem como para a ilegalização dos Partidos Comunistas.
Não é por acaso que este tipo de atitudes começam a circular. A resistência do povo venezuelano e de Hugo Chávez às pressões dos EUA; a recente vitória de Evo Morales na Bolívia; a heróica resistência do povo cubano ao embargo económico imposto pelos EUA; o crescente movimento anti-globalização; o começar a falar-se na criação de uma estrutura sindical à escala mundial para fazer face às ameaças e às pressões exercidas pelo capitalismo sobre os trabalhadores, incomodam e muito, a administração dos EUA e os governos neo-liberais!
Esta é a forma de combaterem a resistência dos povos e as lutas de classes, bem como a resistência dos povos e dos trabalhadores; é a forma de tentarem ficar com o caminho aberto para continuarem a implementar as suas políticas que apenas levarão ao aumento das desigualdades sociais!
Contudo, e tomando como exemplo o nosso país, mesmo na clandestinidade, os comunistas portugueses desempenharam um papel decisivo no combate e derrube da ditadura fascista.